CARACTERÍSTICAS, CONCEITOS e PRESSUPOSTOS DA PASTORAL FAMILIAR


CARACTERIZAÇÃO DA PASTORAL FAMILIAR

10. Trata-se de uma pastoral prioritária e básica. A prioridade se deve não somente ao fato de que a família vive circunstâncias e situações delicadas em nossos dias, mas porque a família tem uma natureza e uma missão especiais e primeiras. O seu caráter básico vem do fato de que ela é constante ponto de referência para todas as pastorais em sua tentativa de evangelização do mundo.

11. Na família a pessoa faz sua pnmeira e fundamental experiência de comunidade. Os membros da família, mormente os filhos, aí fazem experiências que determinam sua vida no futuro. Homem e mulher são atingidos em todas as dimensões e, assim. a família se torna primeira e insubstituível escola de sociabilidade e de humanização. Nela é feita a primeira experiência de Igreja. Finalmente na família são feitas experiências fundamentais de comunhão, participação e criação de senso evangelizador.

12. Ao caractenzar a prioridade da Pastoral Familiar desta maneira não se deseja afirmar que ela deva absorver as outras pastorais. Deseja-se frisar que todas as pastorais da paróquia ou da diocese deveriam considerar a família como agente ativo e decisivo na realização de seus empenhos e projetos. A vivência eclesial nas famílias pode levar as mesmas a transformarem a comunidade eclesial maior em uma Família de famílias.

13. Insiste-se no seguinte aspecto: a Pastoral Familiar precisa constituir-se em atividade com métodos e objetos próprios, mesmo dependente de outras pastorais. Sem uma organização ampla e sólida desta Pastoral a família não é atinglila, ou seria atingida acidentalmente, de maneira assistemática e sem planejamento. conseqüentemente sem eficácia pastoral adequada e desejável.

CONCEITUAÇÃO DA PASTORAL FAMILIAR

14. Devido ao fato de que o campo de ação da Pastoral Familiar é ampio e suas implicações em todos os campos da sociedade e da Igreja muito variadas, toma-se extremamente difícil dar uma definição ouconceituação queenglobetodos os seus aspectos erealidade.

15. A solicitude da Pastoral Familiar há de se dirigir a todas as famílias e a todas as situações familiares. Visará ajudar, servir essas famílias levando-lhes a Boa Nova. Dirige-se à faxnflia bem constituída e àfaxnfija desestruturada e não deixa de lado os assim chamados “ casos difíceis ”. Por essas razões percebe-se a vastidão de realidades que abarca. É o que afirma João Paulo II em Familiaris Consortio: “A solicitude pastoral da Igreja não se limitará somente às famílias cristãs mais próximas, mas, alargando os próprios horizontes à medida do coração de Cristo, mostrar- se-á ainda mais viva para o conjunto das famílias em geral e para aquelas, em particular, que se encontram em situações difíceis ou irregulares. Para rodas a Igreja terá uma palavra de verdade, de bondade, compreensão. de esperança, de participação viva nas suas dificuldades, por vezes dramáticas; a todas oferecerá ajuda desinteressada a fim de que possam aproximar-se do modelo de família que o Criador quis desde o “princípio” e que Cristo renovou com a araca redentora”17 -

16. A Pastoral Familiar é ação que se realiza na Igreja e com a Igreja, de forma or »fra,ia e ‘laneada através de agentes específicos, com metodelezia prãpria tendo como objetivo a evangelização da família capaz de oferecer instrumentos necessários para a formação da família fornecer orientações para a vivência familiar, levar a todos a Boa Nova do sacramento do matrimônio e transformar a sociedade pela obra de evangelização humana e cristã18.
17. FC 65.

A Pastoral Familiar visa oferecer elementos para:

• uma evangelização com acompanhamento permanente ao longo da vida familiar dos esposos e seus filhos,
• a formação da família em bases sólidas, à luz dos ensinamentos e valores evangélicos, da doutrina e da espiritualidade da Igreja para que seja efetivamente uma comunidade de pessoas;
• a vivência sacramental do matrimônio;
• a transformação da sociedade: a sociedade é formada das pequenas células que são as famílias e a família bem constituída pode renovar a sociedade;
• formar famílias sólidas com senso de justiça, solidariedade, fraternidade;
• que o Evangelho seja aplicado à realidade da família e para que esta mesma família seja agente de transformação eclesial e social;
• para a evangelização de uma família real, concreta, inserida num lugar e num tempo, numa Igreja e numa cultura e com condições de vida próprias;
• uma evangelização nas realidades cotidianas da vida, tendo como centro o lar e a experiência de comunhão aí vivida;
• uma reflexão e uma transformação da realidade precária das famílias em termos de moradia, higiene, educação e condições sociais, ao mesmo tempo que visa estruturar evangelicamente casal e família;
• uma evangelização em que a família é sempre sujeito de transformação.

18. Cf. Introdução à Pastoral Familiar, o p. cit., p. 25-26.

PRESSUPOSTOS DA PASTORAL FAMILIAR

17. À maneira de síntese, e ao mesmo tempo abrindo novas perspectivas, a enumeração dos pressupostos da Pastoral Familiar nos ajuda a situá-la melhor. Estes pressupostos traçam as perspectivas pastorais para o campo da família e para toda a realidade que envolve o matrimônio19

18. A Pastoral Familiar precisa estar em consonância com a pastoral de conjunto, em particular com a pastoral social para ser um fator de discernimento comunitário e uma possibilidade concreta de crescimento da Igreja em sua fidelidade à vontade de Deus.

19. A Pastoral Familiar é uma pastoral complexa e abrangente, que trata da família em suas múltiplas dimensões, exigindo-se dela um profundo inter-relacionamento com as demais pastorais.
20. A Pastoral Familiar é imprescindível para possibilitar a transformação da família em agente que se evangeliza e evangeliza as demais famílias.

21. A Pastoral Familiar, mesmo associada a outras pastorais, tem dimensões próprias: educação para o amor em suas dimensões de afetividade, convivência e constância; a espiritualidade conjugal e familiar; a educação na fé; a vivência do sacramento do matrimônio; a paternidade responsável e a transmissão da vida; a política familiar, etc.

22. A Pastoral Familiar amplia a perspectiva da pastoral da família, à medida que insere a pequena comunidade de pessoas numa caminhada solidária com outras famílias, objetivando o processo de transformação de estruturas da sociedade que impedem ou dificultam a valorização e o respeito à dignidade da pessoa.

19. Seguimos bem de perto o estudo feito por Mariola e Eliseu Calsing, em Jntroducão e pressupostos para a Pastoral Familiar, Pastoral Familiar. Reflexões e Propostas - setor
Família CNBB, abril 1990,Ed. santuário. pp. 3-5.

23. A Pastoral Familiar precisa superar um problema eclesiológico de fundo, que existe quando se considera a família mais como objeto de pastoral do que como o seu sujeito: assim o sujeito da pastoral familiar é aquele que vive a vida conjugal e familiar.
24. A Pastoral Familiar não pode ter uma perspectiva moralizante, mas de animação, para que seja possível a caminhada na Igreja comas famílias e os casais, pelo exercício da misericórdia evangélica.

25. A Pastoral Familiar necessita ter em conta que é principalmente através dos casais que o poder do Evangelho toma forma concreta na história humana e se encarna na convivência dos pais com os filhos, como fermento na massa, como luz que ilumina as trevas e como vida que vence muitos sinais de morte que a realidade global do casamento e da vida familiar apresenta. Os casais cristãos são protagonistas da nossa evangelização.
(Miranda(MS), 02/04/2008)